AustralianFlag

Se você acompanha o blog e se perguntou porque não tem havido novas atualizações, vai entender o motivo agora. Em Julho de 2015 comecei uma nova fase pessoal e profissional. Mudei com minha família para Sydney, na Austrália e estou trabalhando na Atlassian.

O processo de mudança e adaptação foram bastante tumultuados, muito mais do que pude calcular a princípio. Emigrar para outro país dá muito trabalho, ainda mais com três filhos pequenos.

Ainda não tenho muito tempo por aqui ainda, mas certamente posso dizer é um ótimo país para se viver. As pessoas em geral têm sido amigáveis, receptivas e pacientes, já que ainda tenho muito o que aprender do idioma e da cultura local.

Esperava que a Austrália fosse um país muito quente, dados os comentários em blogs, vídeos, propagandas a respeito do perigo de contrair câncer de pele por exposição ao sol, as notícias de que o buraco na camada de ozônio está sobre o país e os documentários sobre os desertos áridos. Mas não foi o caso até agora, pois vim para o sul, cujo clima é ligeiramente parecido com o sul do Brasil.

Aliás, ambos os países possuem uma grande área e diversidade geográfica, então provavelmente se mudasse para Santa Catarina iria sentir um efeito semelhante. De qualquer forma, nunca passei tanto frio na vida. 🙂

Hello, Sydney

sydney

Devido ao trabalho, vim direto para Sydney, a maior cidade da Austrália.

A estrutura da cidade é muito boa, embora ainda sofra dos males de uma metrópole. Há excesso de pessoas no centro, mas nada parecido com São Paulo. A malha de trens é muito superior e os meios de transporte costumam operar no horário definido. Uma grande população de imigrantes criam uma cidade fortemente multiculturalista, o que tem suas vantagens e desvantagens.

Diferente de São Paulo, que alguns dizem ser uma cidade que não dorme, as pessoas daqui não possuem tanto hábitos noturnos como os brasileiros. A maior parte do comércio fecha 5 ou 6 horas da tarde. Claro, existem muitas exceções, principalmente grandes lojas e supermercados. Entretanto, se quer uma ideia de como se dá isso, imagine os shoppings da cidade fechando todos 5 horas em ponto inclusive nos fins de semana.

Claro que todos os países enfrentam problemas, mas a burocracia aqui é muito menor se comparada a do Brasil. Pense no trabalho para transferir um veículo, por exemplo. No Brasil ambas as partes precisam ter muito cuidado, ir em cartório, DETRAN, enfrentar fila, esperar. Aqui, quando comprei meu carro, fui a um posto de serviços sem precisar fazer agendamento e, pasmem, em trinta minutos saí com o registro do veículo em mãos. No Brasil você precisa levar sua carteira de motorista com cópia autenticada para o DETRAN, mesmo que apresente o original. Nunca vou entender porque o mesmo órgão que emite o documento precisa de uma cópia do mesmo, muito menos autenticada. Em resumo, estabelecer-se por aqui foi mais fácil devido à facilidade para se resolver as coisas.

Algo interessante sobre Sydney, é que mesmo sendo uma metrópole com um centro comercial gigante, prédios altos e tudo o mais, existem infindáveis parques com playgounds para crianças e atividades para os adultos. A impressão é que a cada duas quadras existe um parque. Aliás, cada região da cidade cuida de sua infra-estrutura e fornece serviços como recolhimento de lixo de forma independente. Isso reflete a mentalidade de descentralização que existe por aqui, o que parece funcionar muito bem. Ao invés de ter um único prefeito e construir uns poucos mega-parques, tal como o Ibirapuera, fazendo com que você tenha que dirigir uma hora para aproveitar um pouco de natureza, aqui você encontra uma grande variedade de serviços espelhados pela cidade, alguns a distância de caminhada, cada um gerenciado pelo conselho do bairro ou micro-região.

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A foto acima é do lado oeste da cidade, com visto ao fundo para o centro comercial. Tem comparação com São Paulo?

Hello, Bolha Imobiliária

Nem tudo são flores. Sydney está passando por uma crise imobiliária muito grande. Recentemente, o preço médio do imóvel chegou em um milhão de dólares australianos.

Como reflexo disso, o preço do aluguel também é muito caro. Por outro lado, ao oposto de São Paulo, ainda é perfeitamente possível alugar uma casa ou apartamento confortável perto do trem (o equivalente ao metrô em São Paulo). Relativamente ao Brasil, o custo de vida é um pouco mais baixo.

Porém, comprar imóveis em Sydney é um desafio. O que a maioria das pessoas faz é procurar em lugares mais distantes do centro, onde o preço fica bem abaixo da média. Os trens chegam em áreas bem afastadas, no entanto quem trabalha no centro vai levar uma hora ou mais para se deslocar.

O processo de imigração

Sei que muitas perguntas vão surgir a respeito de como fiz para conseguir o trabalho e o visto. Já adianto que não sei muito pouco sobre isso.

Claro que, desde que decidi sair do Brasil, fiz uma pesquisa bem detalhada sobre possíveis destinos e o mercado de trabalho. Mas por mais que se estude, é impossível compreender tudo sobre uma realidade tão distante para quem não viveu tal experiência. Em muitos casos, a realidade será bem diferente das expectativas.

Se você quer mudar de país, estude seus possíveis destinos e tente descobrir o máximo que puder sobre como é a vida de uma pessoa normal nesses lugares. Esqueça cartões postais ou estereótipos. Então procure entender quais as alternativas possíveis e comece pela mais fácil para você.

Emprego

Basicamente existem duas formas de vir trabalhar aqui: mudar e depois procurar emprego ou procurar emprego e depois mudar.

Há sites onde empresas australianas buscam profissionais do exterior. Provavelmente existem ainda outras formas de encontrar uma vaga, mas no meu caso, tendo escolhido a Austrália como destino, fiz uma pesquisa sobre empresas boas para se trabalhar, entrei no site da primeira empresa que apareceu, pesquisa vagas no próprio site da empresa, achei uma que parecia de acordo com minha experiência e enviei meu currículo.

A vantagem de vir com um emprego certo é que a empresa ajuda no processo e o visto sai rapidamente. A dificuldade é que você precisa estar bem preparado para isso, afinal empresa alguma vai investir em alguém que não tenha bons conhecimentos.

Por outro lado, não há problema em tentar o visto por conta própria. Tenho colegas que fizeram isso e estão muito bem aqui. Porém existem mais pré-requisitos e o custo é maior. Algumas pessoas contratam agentes de imigração para cuidar do visto. Mas ao chegar ainda ainda terá que correr atrás de uma vaga, então é bom ter um orçamento para viver alguns meses até conseguir algo.

Visto

No meu caso, posso dizer que a Atlassian cuidou de praticamente tudo. Não precisei nem de certificado de Inglês.

Meu visto é o 457, que é um visto de trabalho temporário, válido por quatro anos. O legal é que minha família inteira está sob o mesmo visto, então qualquer um pode estudar e trabalhar conforme desejar. O lado ruim é que esse visto não dá direito ao sistema de saúde gratuito, nem às escolas públicas.

Porém, após dois anos posso solicitar a residência permanente. Isso mudaria completamente o quadro descrito acima.

Enfim, isso é praticamente tudo o que seu sei sobre vistos. Não adianta me perguntar nada sobre como conseguir o seu, nem indicação de alguém para conseguir por você.

O futuro deste blog

Ainda pretendo continuar postando artigos em Português normalmente. Aliás, provavelmente os artigos vão ficar mais interessantes, pois estou aprendendo muita coisa nova no meu novo trabalho!

O que provavelmente vai mudar num futuro próximo, é que a seção em Inglês vai ganhar atualizações mais frequentes.

Não perca o próximo artigo com mais detalhes sobre minha nova carreira na Atlassian. 😀