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Bons programadores escrevem código complexo?

Você já viu algum desenvolvedor se gabar de ter criado código difícil de ler? Talvez você já tenha se sentido o máximo ao fazer algo assim:

void Run( const std::string& v, int tgt, int start ) { for( ; tgt >= 2 * start + 1; ++start ) Run( v + ' ' + boost::lexical_cast( start ), tgt - start, start + 1 ); std::cout << v << ' ' << tgt << std::endl;} int main() { Run( std::string(), 10, 1 ); getchar();}

(Extraído de http://www.cplusplus.com/forum/lounge/13042/)

Código complexo é código ruim

spaghetti-code Bons programadores sabem que a complexidade é sua inimiga. Quando trabalhamos com software de verdade temos de lutar contra ela. A complexidade esconde erros, dificulta a leitura do código e inviabiliza a manutenção. Se nada disso lhe diz muita coisa, pense que o impacto vai diretamente para o seu bolso, principalmente para consultores e freelancers.

Você já precisou dar manutenção em código escrito por você mesmo há muito tempo e teve dificuldades em entender, além de ficar pasmo por ter escrito algo tão hediondo? Será que o cuidado ao produzir código no passado poderia ter lhe poupado de dificuldades e perda de tempo no presente? É claro que sim! E grande esperança há para você se for capaz, hoje, de fazer melhor que antes!

Código complexo é código ruim. Sua manutenção exigirá refatoração abrangente. Você já olhou um programa tão confuso que, antes de modificá-lo, preferia reescrevê-lo completamente?

“Ah, mas pra isso existem os comentários”, você pode argumentar. Não se precipite! Muitos irão lhe contradizer. Processos como o XP enfatizam a necessidade do código ser claro e auto-explicativo. Comentários são por vezes nossos inimigos. Eles podem nos enganar ao declarar algo que o código efetivamente não faz. Em excesso, poluem visualmente o código e tornam nossos fontes mais extensos.

Seja simples

Uma das abordagens para fugir da complexidade é o princípio conhecido como KISS: “Keep It Simple, Stupid!“. Em português poderia ser: “faça isto simples, seu estúpido!”

Resumirei alguns passos deste “programa de reabilitação para programadores”:

  • Seja humilde, não pense em si mesmo como um gênio.
  • Divida suas tarefas em sub-tarefas: não leve mais do que algumas horas para trabalhar em um código.
  • Aprenda muito bem sobre coesão, acoplamento e responsabilidades de classes e métodos.
  • Resolva o problema primeiro, codifique a solução em seguida.
  • Não tenha medo de descartar código.

Um engenheiro de software experiente deve saber usar as ferramentas à disposição para produzir o resultado desejado com o mínimo de complexidade e esforço. Por outro lado, programadores são apaixonados por “reinventar a roda”. Nos meus primeiros anos, pensava comigo: “para que aprender o framework X  se posso escrever o meu?!”. Já reescrevi muitos frameworks. Serviu-me de alguma coisa? Claro! Principalmente em ver minhas limitações e a importância do trabalho alheio!

Exemplo de simplicidade

Pense no cara da direita como você na faculdade e no da esquerda já com alguns anos de experiência.

Conclusão

Quem se importa se o programa leva alguns milissegundos a menos para executar ou se o código é mais “bonito”? O ego do programador?

Um profissional de TI maduro deve se esforçar para aperfeiçoar suas habilidades de comunicação. Isto independe de sua área de atuação, pois todos os artefatos do processo de desenvolvimento, incluindo o código, devem ter qualidade suficiente para cumprir o seu papel e transmitir a informação o mais efetivamente possível.

Além disso, é melhor guardarmos nossas habilidades artísticas para um concurso como o International Obfuscated C Code Contest:

#define _ -F<00||--F-OO--;
int F=00,OO=00;main(){F_OO();printf("%1.3f\n",4.*-F/OO/OO);}F_OO()
{
            _-_-_-_
       _-_-_-_-_-_-_-_-_
    _-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_
  _-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_
 _-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_
 _-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_
_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_
_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_
_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_
_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_
 _-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_
 _-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_
  _-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_
    _-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_-_
        _-_-_-_-_-_-_-_
            _-_-_-_
}

Comportamento recursivo inesperado no SQL Server

Como todo desenvolvedor, provavelmente você já perdeu horas com um problema que beira o bizarro até perceber que era algo muito simples.

Uma colega estava testando um sistema onde uma procedure era acionada e, após algum tempo, ocorria um erro “Maximum stored procedure, function, trigger, or view nesting level exceeded (limit 32)”.

O erro refere-se ao limite de chamadas empilhadas ou recursivas, por exemplo, uma função que chama outra, que chama outra e assim por diante. Entretanto, a procedure não tinha nenhuma chamada desse tipo.

Analisei por alguns segundos os script de criação da procedure, algo como:

CREATE PROCEDURE MINHA_PROC (...) AS
BEGIN
... conteúdo ...
END
EXEC PROCEDURE MINHA_PROC [valores de teste]

Então lembrei de uma “pegadinha” de sintaxe. Para o SQL Server, o conteúdo de uma procedure é tudo o que está entre o CREATE e o “GO”. É o equivalente à barra invertida no Oracle.

Repare que no código de exemplo não existe um GO, pois o desenvolvedor assumiu que o bloco BEGIN/END demarcaria a procedure, mas não é o caso. O comando “EXEC” usado para testar a procedure acabou incluído como parte dela e, quando executada, criou chamadas recursivas até estourar o limite.

Solução? Tão simples quando um “GO”:

CREATE PROCEDURE MINHA_PROC (...) AS
BEGIN
... conteúdo ...
END
GO
EXEC PROCEDURE MINHA_PROC [valores de teste]

Uma forma simples de contar registros e limpar tabelas de uma base de dados

Uma colega estava com alguns backups de uma base de dados SQL Server para realizar testes e queria diminuir o tamanho das bases limpando tabelas de log e operacionais, mantendo apenas as configurações do sistema. O problema é que as bases eram tão grandes que ultrapassavam o limite de 10 GB estabelecido na versão SQL Express 2008.

Ele não precisava e nem queria entender a estrutura de tabelas, então sugeri uma maneira rápida e simples de identificar tabelas com muitos registros e uma forma de excluí-las rapidamente.

A query abaixo retorna vários selects que exibem o total de registros de cada tabela de um banco de dados:

use NOME_BASE
go
select 'select ''' + name + ''', count(*) from ' + name from sys.tables

Basta executar esse código, substituindo o nome da base a ser usada, copiar o resultado gerado e executá-lo.

Esta query gera deletes para cada tabela, no caso de ser necessário limpar a base toda:

select 'delete from ' + name from sys.tables

A versão usando truncate:

select 'truncate table ' + name from sys.tables

Planning Poker existe, sem brincadeira

No último post, mencionei um tal de planning poker e um colega achou que era parte da brincadeira. Para quem não conhece, talvez a frase em questão talvez não tenha feito tanto sentido:

Coloque uma equipe de juniors num processo ágil, eles vão começar a estimar usando planning poker e provavelmente vão continuar jogando poker até o final do projeto.
Para quem já conhece é chover no molhado. Mas vamos lembrar que ainda existem muitas pessoas que desconhecem completamente os processos ágeis ou apenas ouviram falar deles. E nem sempre é culpa é do indivíduo em si, pois quantos formandos saem de um curso de Ciências da Computação sem nem ouvir falar desse assunto. Isso aconteceu comigo. O único contato com Engenharia de Software foi uma disciplina cujo conteúdo consistia em alguns capítulos do Pressman.

Infelizmente muitas universidades não contam com professores que possuem experiência de mercado, outras vezes a grade curricular não ajuda. Existem professores que ensinam o mesmo conteúdo há tantos anos que dá a impressão de que a tecnologia não evoluiu. Outros são inexperientes e adotam um livro guia, apenas resumem o conteúdo.

O que é Planning Poker?

É uma forma de criar estimativas. 

Estimação é uma atividade fundamental de todo processo ágil. A cada início de iteração (sprint), as estórias de usuário (requisitos) que serão implementadas precisam ser detalhadas e estimadas. Esta é uma tarefa realizada em conjunto por todo o time (equipe).

Com o Planning Poker a tarefa de estimar pode ser mais interessante e divertida, o entendimento dos requisitos é melhor entendido pela equipe e há motivos para se acreditar que tenha bons resultados.

Adaptei uma explicação de como a técnica funciona do site www.crisp.se, detalhada a seguir.

Estimativas sem Planning Poker

Há um problema típico com as estimativas em equipe. Vamos supor que estamos na Reunião de Planejamento do Sprint e o Product Owner diz:

Pessoal, qual o tamanho dessa estória de usuário aqui?

Então a equipe começa a pensar sobre o tamanho dessa estória (em homem-dia nesse caso):

Sem Planning Poker - Passo 1

O sr. 

A acredita que ele sabe exatamente o que deve ser feito e acha que levará 3 dias. Os senhores C são mais pessimistas. D e E estão pensando em qualquer outra coisa. Então o sr. A se antecipa e diz: “vai levar 3 dias”.

Sem Planning Poker - Passo 2

Isso deixa 

B e C confusos, duvidando de suas estimativas. O sr. E volta a si e nem sabe o que está sendo estimado, enquanto D continua cochilando. Quando o Product Owner pergunta ao resto da equipe sobre suas estimativas, todos acabam sendo influenciados por A, que respondeu primeiro, e respondem:

Sem Planning Poker - Passo 3

Estimando com Planning Poker

Agora, imagine cada membro a equipe segurando o seguinte maço de cartas:

Cartas Planning Poker

Vamos refazer a estimação. O 

Product Owner diz: “Pessoal, qual o tamanho dessa estória de usuário aqui?” Mais uma vez, a equipe começa a pensar.

Com Planning Poker - Passo 1

Desta vez, ninguém se antecipa. Cada um seleciona uma carta contendo sua estimativa e a deixa virada sobre a mesa. Depois que todos colocam suas cartas, os senhores 

D e E acordam. Eles admitem que dormiram e perguntam qual estória está sendo estimada, pois é difícil chutar estimativas dessa forma. Quando todos terminam, as cartas são viradas simultaneamente, revelando as estimativas de cada pessoa.

Com Planning Poker - Passo 2

Ops! Houve uma grande divergência. A equipe, principalmente o sr. 

A e o sr. C, precisam discutir a estória e porque suas estimativas estão tão distintas. Depois de alguma discussão, o sr. A percebe que esqueceu algumas tarefas importantes que deveriam ser incluídas na estória. O sr. C percebe que, com o design que o sr. A apresentou, a estória pode ser menor que 20. Depois de 3 minutos de conversa, um novo round de estimação é feito para a mesma estória:

Com Planning Poker - Passo 3

Houve convergência, ainda que parcial. Então eles concordam que uma estimativa de valor 5 deve estar próxima o bastante e partem para a próxima estória.

Porque essa estranha série de números?

Cartas Os números grandes tem menos granularidade. Por quê? Porque não há o número 21, por exemplo? Algumas razões:

  • Aumentar a velocidade o processo de estimação limitando a quantidade de escolhas (número de cartas).
  • Evitar a falsa sensação de precisão (acurácia) para as estimativas mais altas.
  • Encorajar a equipe a dividir grandes estórias em menores.

Uma estimativa alta (maior que 20, por exemplo), geralmente significa que a estória não foi bem compreendida. Seria uma perda de tempo discutir se a estória vale 19, 20 ou 22,5. A estória é grande e pronto. Se for necessário detalhar a estória, deve-se quebrá-la em estórias menores.

Cartas Especiais

A carta “zero” significa que a estória já foi implementada ou que ela é ínfima, consistindo talvez em alguns minutos de trabalho.
A carta “interrogação” (“?”) significa que a pessoa não tem absolutamente nenhuma ideia. Nada. É raro acontecer, mas se a frequência aumentar a equipe deve discutir mais as estórias e tentar chegar a um melhor entendimento.
A carta “xícara de café” significa: “Estou cansado demais para pensar. Vamos fazer uma pausa”.

PSP – Personal Software Process

Não espere qualidade da sua empresa, seja a qualidade!

De quem é a culpa da má qualidade dos softwares?

Acho que todos já ouvimos falar sobre modelos de maturidade como CMMI ou MPS.BR e processos como o RUP, Scrum ou XP. Quase sempre isso vem acompanhado de comentários críticos e pessimistas de como a nossa empresa está longe de ser maduro e prover produtos de qualidade.

Por outro lado, mesmo empresas que investem em maturidade do processo muitas vezes esquecem que ele não é uma bala de prata. Não existe processo ótimo sem ótimas pessoas. É um mito industrial a possibilidade de criar um processo perfeito que seja independente do nível e da maturidade dos indivíduos envolvidos.

Isso pode ser bem observado na literatura sobre processos. Processos “pesados” ou rígidos são recomendados quando há equipes imaturas, sem experiência e disciplina adequadas. Já com equipes experientes, maduras e disciplinadas quase não existe necessidade de processo.

Por isso é que os processos ágeis, por exemplo, somente são recomendados quando há pessoas muito competentes envolvidas no projeto. Como disse meu orientador: “coloque uma equipe de juniors num processo ágil, eles vão começar a estimar usando planning poker e provavelmente vão continuar jogando poker até o final do projeto”.

O mesmo é aplicável a empresas que disponibilizam salas de entretenimento, por exemplo. Muita gente gostaria de trabalhar no Google e ter uma sala com vídeo-game, mas o que geralmente não se pensa é que qualquer vaga nesse tipo de empresa são preenchidas por pessoas maduras e focadas, que possuem muito compromisso e dedicação.

Resumindo, a culpa pela falta de qualidade e organização em uma empresa é compartilhada por todos os níveis da mesma. Porém, em teoria, todos sabem o que as empresas deveriam fazer.

Mas o que cada um pode contribuir, individualmente ou em equipe?

Após criador o CMM, Watts Humphrey aplicou todos os seus princípios até o nível 5 em projetos individuais durante 3 anos, financiado pelo SEI (Software Engineering Inistitute). Assim surgiu o Personal Software Processos (PSP). Enquanto o CMM ou CMMI é aplicado ao processo de engenharia de software de uma organização, o PSP organiza o trabalho individual de um engenheiro de software.

Antes de pensar numa certificação CMMI, as empresas deveriam focar em melhorar os indivíduos que a compõe através do PSP. Quando as pessoas amadurecem e passam a utilizar um processo pessoal de desenvolvimento por saberem que é algo bom, então adotar um modelo como CMMI é natural, pois elas já absorveram sua filosofia e não é necessário forçar ninguém a usar boas práticas de desenvolvimento que de outro modo não se entenderia a razão.

Mas o que é o PSP, afinal?

É um processo de desenvolvimento de software pessoal, que você e eu podemos adotar como engenheiros de softwares (desenvolvedores), independente do tipo de projeto e de onde trabalhamos.

O PSP é baseado nos seguintes princípios de qualidade e planejamento:

  • Todo engenheiro de software é diferente; para serem mais efetivos, os engenheiros precisam planejar o seu trabalho e devem basear os seus planos em seus próprios dados pessoais.
  • Para melhorar consistentemente seu desempenho, os engenheiros precisam usar pessoalmente processos bem definidos e com medição.
  • Para produzir produtos de qualidade, os engenheiros precisam se sentir pessoalmente responsáveis pela qualidade dos seus produtos. Produtos superiores não são produzidos por acaso; os engenheiros devem batalhar para fazer um trabalho de qualidade.
  • Custa menos encontrar e corrigir erros cedo em um projeto do que mais tarde.
  • É mais eficiente prevenir defeitos do que encontrá-los e corrigi-los.
  • O jeito certo é sempre o mais rápido e o mais barato de fazer o trabalho.

Enfim, os engenheiros de software devem adotar um processo pessoal bem definidos, medir e registrar o tempo que gastaram em cada atividade e a qualidade do produto que entregaram, ajustar o processo através dos dados obtidos para melhorar os próximos projetos e atividades, além de focar na qualidade do trabalho que desempenham.

A estrutura do PSP

A figura acima mostra o fluxo conceitual do PSP. Através dos requisitos, usa-se “scripts” como guia em cada case do processo (planejamento, modelagem, revisão da modelagem, codificação, revisão da codificação, compilação, testes e finalização). Em cada fase, dados de tempo e defeitos são coletados e consolidados com o que foi planejado, permitindo a avaliação do processo atual.

O PSP também provê boas práticas e guias para os diversos aspectos do processo pessoal: planejamento, coletagem de dados, qualidade (medição e prevenção), modelagem, disciplina pessoal, etc. Não entrarei em detalhes sobre cada um desses itens neste artigo, mas vamos a um exemplo.

A fim de prevenir defeitos num software o PSP estabelece o gerenciamento da qualidade através de três práticas:

  1. Anotar as causas dos erros que já ocorreram e usar esses dados para aperfeiçoar o processo de modo que esse tipo de defeito não ocorra mais, ou seja, que não se cometa os mesmos erros novamente.
  2. Usar método de modelagem e notação adequados para contruir o modelo completo, pois isso força o desenvolvedor a pensar e entender todo o domínio, o que resulta em menos enganos.
  3. Uma consequência direta do item 2: com o modelo completo e entendido, gasta-se menos tempo codificando, o que reduz a quantidade de erros. Estudos realizados em 298 projetos demonstraram que os engenheiros introduzem 1,76 erros por hora no design e 4,20 erros por hora na codificação, logo, quanto menos código melhor.
O maior desafio do PSP, o mesmo de qualquer processo, é que as pessoas que o adotam continuem a usá-lo com o passar do tempo. Uma forma de ajudar nisso é manter um ambiente que facilite ao indivíduo usar o processo. Para isso o SEI criou o Team Software Process (TSP), que, aplicado numa empresa, fornece aos engenheiros o ambiente disciplinado que eles precisam para o uso contínuo do PSP.

Resultados

A seguir, o gráfico de “Acurácia da Estimação de Esforço” demonstra que na medida em que o indivíduo progride no uso do PSP, ele fornece estimativas mais próximas da realidade. Após 10 programas desenvolvidos as estimativas melhoraram em aproximadamente duas vezes.

Já o gráfico de “Melhoria no Nível de Defeitos” demonstra que, na medida em que se usa o PSP, menos erros são introduzidos nas fases anteriores, ou seja, gasta-se menos tempo corrigindo problemas.

Por último, o gráfico de “Resultados de Produtividade” mostra que não houve mudança significativa no desempenho.

A conclusão do estudo, realizado com 298 projetos pequenos, é que o PSP ajuda a melhorar as estimativas e melhorar a qualidade através da redução de defeitos, embora a produtividade em linhas de código permaneça a mesma. Isso faz muito sentido, já que a melhoria na programação está mais relacionada com o conhecimento da linguagem e a lógica do desenvolvedor, os quais podem ser desenvolvidos através de estudo dirigido.

Fonte: http://www.sei.cmu.edu/library/abstracts/reports/00tr022.cfm

Inserção em massa no SQL Server

Como inserir vários registros em uma tabela com valores sequenciais? Por exemplo, como podemos obter uma série de datas?

A resposta mais simples seria utilizar um cursor ou laço (loop), mas a execução de ambos é demasiadamente lenta para muitos registros. O desempenho máximo somente será obtido se a inserção for feita de uma só vez em um comando INSERT. Para isso, podemos usar uma tabela auxiliar com valores sequenciais de forma que possamos usar esses valores para derivar aqueles que necessitamos. Mas como obter tal tabela?

Uma das formas de unir velocidade e praticidade é criar uma tabela com um campo IDENTITY. Entretanto, não gosto da ideia de criar uma tabela física para auxiliar em operações completamente ortogonais às funcionalidades do sistema.

Opção fácil para poucos registros

A tabela MASTER..SPT_VALUES possui números sequenciais de 0 (zero) a 2047 e é nativa do SQL Server. O exemplo abaixo insere 2000 linhas com datas sequenciais de uma só vez:

INSERT INTO DATAS (DATA, DIADASEMANA)
SELECT DATEADD(d, NUMBER, @DATAINICIAL), DATEPART(DW,DATEADD(d, NUMBER, @DATAINICIAL))
FROM MASTER..SPT_VALUES
WHERE TYPE='P' AND NUMBER BETWEEN 0 AND 1999

Portanto, com essa tabela é possível fazer uma inserção em massa utilizando a coluna NUMBER e alguma função que calcule o valor do campo a partir do valor sequencial. No exemplo, a função DATEADD gera datas a partir da @DATAINICIAL, até 2000 dias à frente, e também armazena o dia da semana de cada data.

Porém, há uma questão sobre o uso de uma tabela do usuário MASTER, pois ela pode não ser acessível para você. E se não houver possibilidade de obter a devida permissão?

Utilizando uma tabela auxiliar em memória

Um outro método muito eficiente, mas que exige um pouco de Transact-SQL, é usar uma Variável do tipo TABLE. Confira o seguinte exemplo:

DECLARE @T TABLE (NUMBER INT)
DECLARE @I INT, @LIMITE INT

SET @I = 0
SET @LIMITE = 25000
WHILE @I < @LIMITE
BEGIN
    INSERT INTO @T (NUMBER) VALUES (@I)
    SET @I = @I + 1
END

Este código leva menos de 1 segundo para executar e cria uma tabela na memória com números de 0 a 24.999. Usando ainda o exemplo de geração de datas, podemos inserir 25 mil linhas de uma só vez, como mostra o novo exemplo abaixo:

DECLARE @DATAINICIO DATETIME
SET @DATAINICIO = '2001-01-01'
SELECT DATA, DATEPART(DW, DATA)
FROM (SELECT @DATAINICIO + NUMBER DATA FROM @T) T

Conclusão

Já usei várias vezes esse recurso para melhorar o desempenho de cálculos financeiros que envolvem parcelas, justo e vencimentos em feriados. Certa vez consegui diminuir o tempo de execução de uma procedure de cálculos, que levava 20 minutos para inserir 23 mil registros, para cerca de 20 segundos, gerando 150 mil registros.

Embora para alguns os exemplos acima possam soar como algum tipo de gambiarra, o conhecimento e a correta aplicação de tais recursos podem ser essenciaus quando as restrições de desempenho são prioridade.

SQL Server: o porquê do ponto duplo (“..”) para acessar outros bancos

Você já se perguntou por que usa-se um ponto duplo (“..”) para acessar uma tabela de outro banco de dados no SQL Server?

USE BD1
GO
SELECT * FROM BD2..TABELA

Já vi algumas pessoas questionarem e acho que a primeira reação é supor que seja uma espécie de operador especial.

Bem, para entender isso é preciso saber que um objeto (como uma tabela) no SQL Server possui uma identificação assim:

Servidor.BancoDeDados.Schema.Objeto

Com relação ao Schema, as pessoas criam geralmente todos os objetos no Schema padrão, o dbo. Como os objetos estão no mesmo Schema, especificá-lo é opcional.

Mas, quando esquecemos do “.dbo” nos CREATEs e outras DDLs, é bem provável termos problemas no futuro, pois o Schema padrão do usuário utilizado para executar scripts no cliente pode ser diferente. Já vi casos onde metade dos objetos ficavam num Schema e metade em outro.

Então, se você quer acessar uma tabela e está no mesmo servidor, usando (USE) o mesmo banco de dados e o mesmo Schema, poderá omitir todos estes utilizar apenas o nome da tabela:

SELECT * FROM Objeto

Agora vamos supor que você esteja usando (USE) um banco chamado BD1. Como faríamos para acessar uma tabela de um BD2? Seria tão simples como o exemplo abaixo?

USE BD1
GO
SELECT * FROM BD2..Objeto

A resposta é: depende!

Se os dois objetos não estiverem no mesmo Schema, então você deveria especificar o schema entre os dois pontos, assim:

USE BD1
GO
SELECT * FROM BD2.dbo.Objeto

Portanto, os dois pontos (“..”) seguidos significam que você está omitindo o Schema e solicitando ao SQL Server que utilize o padrão para o seu usuário.

Simples assim.

Plugin Sysdeo para Tomcat Melhorado

Numa empresa que usa o Tomcat como padrão, através do plugin Sysdeo do Eclipse, os desenvolvedores precisavam a todo momento executar clean refresh nos projetos, além de editar e salvar um arquivo texto qualquer ou ainda iniciar o Tomcat duas vezes, caso contrário o sistema não inicializava corretamente.

Aparentemente, tudo isso era necessário porque, ao ser iniciado pela primeira vez depois de alguma ação no Eclipse (recompilar código, por exemplo), o plugin não incluia os jars do projeto no classpath do Tomcat, acabando sempre num ClassNotFoundException.

Não me pergunte porque a empresa não muda de container ou usa o “Servers” do Eclipse.

Como esse problema afetava quase todos os desenvolvedores da empresa, preparei uma versão modificada do plugin Sysdeo, forçando um refresh no projeto e a resspectiva atualização das bibliotecas externas. Basicamente, duas linhas de código a mais na classe TomcatBootstrap.

Até hoje as alterações não apresentaram efeitos colaterais.

Para atualizar sua versão:

  1. Baixe o plugin aqui: com.sysdeo.eclipse.tomcat_3.3.1
  2. Feche o Eclipse
  3. Vá na pasta …eclipseplugins
  4. Remova a pasta do plugin antigo (com.sysdeo.eclipse.tomcat_x.y.z)
  5. Descompacte o zip na pasta de plugins
  6. Reinicie o Eclipse

Disponível em

https://github.com/utluiz/com.sysdeo.eclipse.tomcat

Evite reiniciar o Tomcat 6 e deixe a inicialização mais rápida

Otimizações geralmente não caem bem em ambientes de desenvolvimento.

Imagine um desenvolvedor tendo que reiniciar o Tomcat a cada alteração em arquivos estáticos ou JSPs durante o desenvolvimento de uma determinada tela do sistema.
Para evitar isso, altere o arquivo context da sua aplicação da seguinte forma, acrescentando ou modificando os parâmetros antiJARLocking e antiResourceLocking para false.
Exemplo:
<Context (...)
    antiJARLocking="false" antiResourceLocking="false">

Agora o Tomcat 6 vai iniciar mais rapidamente e reconhecer alterações nos arquivos do sistema, ficando apenas limitado a cache de frameworks, como JSF, por exemplo.

Explicação

O antiResourceLocking faz com que o Tomcat crie uma pasta TEMP e copie todos os arquivos da aplicação para lá. Então ele ignora o que está na pasta original da aplicação.

Algo semelhante aplica-se ao antiJarLocking, mas com os jars da lib.

Além de desperdiçar espaço em disco, isso atrapalha o desenvolvimento de telas. Ativar esses recursos é indicado para ambientes de produção.

Com isso, o Tomcat também vai iniciar mais rapidamente, porque ele não vai mais ficar sincronizando todos os arquivos da aplicação para a pasta TEMP.

Tomcat lento no Eclipse com o plugin Sysdeo

Numa empresa que usa Tomcat como web container, alguns desenvolvedores relataram uma lentidão na inicialização e na depuração dos sistemas.

Um colega disse que a única solução encontrada até o momento era criar um novo workspace e importar os projetos do antigo.

Depois de pesquisar um pouco, encontrei em num fórum pelo mundo afora (não vou lembrar onde) algo relacionado a breakpoints. Bingo!

Se você está enfrentando um problema semelhante, ou seja Tomcat + Eclipse + Sysdeo + Lentidão, apague todos os breakpoints e há uma grande chance do seu workspace voltar ao normal.

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