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SQL Server: o porquê do ponto duplo (“..”) para acessar outros bancos

Você já se perguntou por que usa-se um ponto duplo (“..”) para acessar uma tabela de outro banco de dados no SQL Server?

USE BD1
GO
SELECT * FROM BD2..TABELA

Já vi algumas pessoas questionarem e acho que a primeira reação é supor que seja uma espécie de operador especial.

Bem, para entender isso é preciso saber que um objeto (como uma tabela) no SQL Server possui uma identificação assim:

Servidor.BancoDeDados.Schema.Objeto

Com relação ao Schema, as pessoas criam geralmente todos os objetos no Schema padrão, o dbo. Como os objetos estão no mesmo Schema, especificá-lo é opcional.

Mas, quando esquecemos do “.dbo” nos CREATEs e outras DDLs, é bem provável termos problemas no futuro, pois o Schema padrão do usuário utilizado para executar scripts no cliente pode ser diferente. Já vi casos onde metade dos objetos ficavam num Schema e metade em outro.

Então, se você quer acessar uma tabela e está no mesmo servidor, usando (USE) o mesmo banco de dados e o mesmo Schema, poderá omitir todos estes utilizar apenas o nome da tabela:

SELECT * FROM Objeto

Agora vamos supor que você esteja usando (USE) um banco chamado BD1. Como faríamos para acessar uma tabela de um BD2? Seria tão simples como o exemplo abaixo?

USE BD1
GO
SELECT * FROM BD2..Objeto

A resposta é: depende!

Se os dois objetos não estiverem no mesmo Schema, então você deveria especificar o schema entre os dois pontos, assim:

USE BD1
GO
SELECT * FROM BD2.dbo.Objeto

Portanto, os dois pontos (“..”) seguidos significam que você está omitindo o Schema e solicitando ao SQL Server que utilize o padrão para o seu usuário.

Simples assim.

Plugin Sysdeo para Tomcat Melhorado

Numa empresa que usa o Tomcat como padrão, através do plugin Sysdeo do Eclipse, os desenvolvedores precisavam a todo momento executar clean refresh nos projetos, além de editar e salvar um arquivo texto qualquer ou ainda iniciar o Tomcat duas vezes, caso contrário o sistema não inicializava corretamente.

Aparentemente, tudo isso era necessário porque, ao ser iniciado pela primeira vez depois de alguma ação no Eclipse (recompilar código, por exemplo), o plugin não incluia os jars do projeto no classpath do Tomcat, acabando sempre num ClassNotFoundException.

Não me pergunte porque a empresa não muda de container ou usa o “Servers” do Eclipse.

Como esse problema afetava quase todos os desenvolvedores da empresa, preparei uma versão modificada do plugin Sysdeo, forçando um refresh no projeto e a resspectiva atualização das bibliotecas externas. Basicamente, duas linhas de código a mais na classe TomcatBootstrap.

Até hoje as alterações não apresentaram efeitos colaterais.

Para atualizar sua versão:

  1. Baixe o plugin aqui: com.sysdeo.eclipse.tomcat_3.3.1
  2. Feche o Eclipse
  3. Vá na pasta …eclipseplugins
  4. Remova a pasta do plugin antigo (com.sysdeo.eclipse.tomcat_x.y.z)
  5. Descompacte o zip na pasta de plugins
  6. Reinicie o Eclipse

Disponível em

https://github.com/utluiz/com.sysdeo.eclipse.tomcat

Evite reiniciar o Tomcat 6 e deixe a inicialização mais rápida

Otimizações geralmente não caem bem em ambientes de desenvolvimento.

Imagine um desenvolvedor tendo que reiniciar o Tomcat a cada alteração em arquivos estáticos ou JSPs durante o desenvolvimento de uma determinada tela do sistema.
Para evitar isso, altere o arquivo context da sua aplicação da seguinte forma, acrescentando ou modificando os parâmetros antiJARLocking e antiResourceLocking para false.
Exemplo:
<Context (...)
    antiJARLocking="false" antiResourceLocking="false">

Agora o Tomcat 6 vai iniciar mais rapidamente e reconhecer alterações nos arquivos do sistema, ficando apenas limitado a cache de frameworks, como JSF, por exemplo.

Explicação

O antiResourceLocking faz com que o Tomcat crie uma pasta TEMP e copie todos os arquivos da aplicação para lá. Então ele ignora o que está na pasta original da aplicação.

Algo semelhante aplica-se ao antiJarLocking, mas com os jars da lib.

Além de desperdiçar espaço em disco, isso atrapalha o desenvolvimento de telas. Ativar esses recursos é indicado para ambientes de produção.

Com isso, o Tomcat também vai iniciar mais rapidamente, porque ele não vai mais ficar sincronizando todos os arquivos da aplicação para a pasta TEMP.

Tomcat lento no Eclipse com o plugin Sysdeo

Numa empresa que usa Tomcat como web container, alguns desenvolvedores relataram uma lentidão na inicialização e na depuração dos sistemas.

Um colega disse que a única solução encontrada até o momento era criar um novo workspace e importar os projetos do antigo.

Depois de pesquisar um pouco, encontrei em num fórum pelo mundo afora (não vou lembrar onde) algo relacionado a breakpoints. Bingo!

Se você está enfrentando um problema semelhante, ou seja Tomcat + Eclipse + Sysdeo + Lentidão, apague todos os breakpoints e há uma grande chance do seu workspace voltar ao normal.

IntelliSense do SQL Server 2008

Se você já usou o SQL Server 2008, já deve ter visto que ele consegue auto-completar nomes de campos e tabelas, além de exibir erros de sintaxe. Este é o “novíssimo” IntelliSense.

O problema é que ele não funciona 100% e tem sérios problemas com cache, pois ao criar novas colunas e tabelas, é difícil fazer ele reconhecer essas alterações.

Vários colegas comentaram esse recurso acaba mais atrapalhando do que ajudando.

Se você compartilha da mesma opinião, fica a dica. Basta clicar no botão da imagem:

Além disso, no menu “Edit > IntelliSense”, você encontra várias opções, como “Refresh Local Cache”, o que significa que ele vai atualizar seu cache local com relação à estrutura da base de dados.

Porém, em alguns testes que fiz, o cache só atualizou mesmo reiniciando o programa… mas quem sabe você pode ter mais sorte!

Cuidado com o ADD_MONTHS do Oracle

Sabe aqueles erros esquisitos onde você olha o código é pensa: “não é possível, tá tudo certo…”?

O cenário

Há muito tempo, trabalhei na migração de diversas procedures de um sistema financeiro de SQL Server para Oracle. Eram procedure complexas com milhares de linhas, muitos cursores e algumas péssimas práticas.

A princípio, a ordem era para migrarmos tudo manualmente. Mas, depois de analisar algumas ferramentas de migração automática, descobri que se fizesse alguns ajustes nas procedures em SQL Server poderia migrá-las inteiramente para Oracle usando o SQL Developer, disponibilizado gratuitamente pela Oracle.

Ao migrar uma procedure, o  SQL Developer utiliza algumas rotinas de adaptação para o Oracle, que deve estar disponível num package chamado qlserver_utilites. Fiz um parser simples que substituía as chamadas a esse package por funções nativas do Oracle, evitando criar código desnecessário e que diminuiria a performance.

Escrevi um documento com os ajustes necessários e se tornou o padrão do projeto. Assim conseguimos manter o código-fonte único.

Entretanto, identificamos que algumas operações específicas do sistema geraram lançamentos com valores estranhos, mas a maioria estava correta. No caso, o cálculo envolvia períodos de datas e a primeira observação é que a data inicial do período era dia 30, o último do mês.

Cálculos daqui, cálculos dali, verificou-se que, apenas para esse tipo de período, a procedure estava calculando um dia a mais numa diferença entre as datas. Uma dessas datas era calculada somando-se um número X de meses.

A origem do problema

No Oracle, a rotina usada para somar datas é ADD_MONTHS. Seria o equivalente de DATEADD do SQL Server.

Entretanto, essa rotina segue um padrão ANSI muito esquisito:  se a data é o último dia do mês, ao somar X meses, o resultado será sempre no último dia do mês.

Vamos supor que a data fosse 28/02, ao somar um mês, o resultado seria 31/03, a não ser no ano bissexto. Para 30/04, por exemplo, somando-se um mês, o resultado seria 31/05.

Isso estava gerando a distorção nos cálculos.

Solução

Foi necessário criar uma function para somar meses e que mantivesse o dia fixo, a não ser quando o mês do resultado tinha menos dias  do que o mês original.

Conclusões

Não confiar na implementação de uma rotina somente pelo nome, principalmente entre softwares tão diferentes.

No caso de migração, analisar a fundo a equivalência de funções, métodos, classes, etc. Se possível, com testes unitários.

Script de Geração de Carga de Dados (Oracle e SQL Server)

No dia-a-dia do desenvolvimento, é comum precisarmos reproduzir uma determinada situação ocorrida no cliente. Só que precisamos dos dados exatos para isso!

Geralmente solicitamos SELECTs ou backups. Mas e quando não dá?

Em ambientes com restrições onde não é possível solicitar um backup e um SELECT não é suficiente, pois precisamos trabalhar com os dados e não apenas visualizá-los, existe uma alternativa prática para recuperar os dados do ambiente.

Script que gera INSERTs

Inicialmente desenvolvi um script para Oracle em PL/SQL para migração de dados entre ambientes. O resultado foi bom e fizemos também uma versão para SQL Server.

No caso do SQL Server trata-se de uma procedure que, quando executada, gera INSERTS a partir dos dados de uma tabela. Veja os exemplos abaixo:

-- Gera INSERTS para todos os registros da tabela TAB1
EXEC GET_INSERT_SCRIPT
    @TABELA = 'TAB1',
    @BANCO_ORIGEM = 'MINHA_BASE',
    @BANCO_DESTINO = DEFAULT,
    @OWNER = DEFAULT,
    @WHERE = DEFAULT,
    @GERAR_DELETE = 0

-- Gera INSERTs para todos os registros da tabela TAB2
EXEC GET_INSERT_SCRIPT
    @TABELA = 'TAB2',
    @GERAR_DELETE = 0

-- Gera INSERT para a tabela de produtos somente para o produto 'PROD' da empresa 'EMP1'
EXEC GET_INSERT_SCRIPT
    @TABELA = 'PRODUTOS',
    @WHERE = 'CODPRODUTO = ''PROD'' AND LECOLCOD = ''EMP1'' '

-- Gera INSERT da tabela BOLETOS somente para o boleto '123'
EXEC GET_INSERT_SCRIPT
    @TABELA = 'BOLETOS',
    @BANCO_ORIGEM = 'MINHA_BASE',
    @BANCO_DESTINO = DEFAULT,
    @OWNER = DEFAULT,
    @WHERE = 'CODBOLETO = 123'

Observações

No primeiro exemplo, é definido o banco de origem como  “MINHA_BASE”. Esse parâmetro é opcional, se o banco de dados já estiver selecionado (“USE”).

Os parâmetros com valor “DEFAULT” indicam que o SQL deve usar o valor padrão definido pela procedure. Eles poderiam ser simplesmente omitidos.

O parâmetro @GERAR_DELETE define se o script gerado vai conter também um comando “DELETE” para apagar os dados da tabela.

Os parâmetros @OWNER, @BANCO_ORIGEM e @BANCO_DESTINO podem ser omitidos e somente precisam ser usados se houver necessidade de executar os scripts a partir do master ou com um usuário cujo owner é diferente do owner  do banco de dados. O padrão para o @OWNER é “dbo”.

Caso esses parâmetros sejam informados, o caminho para os objetos será escrito como no exemplo:

AB_BANCO_DESTINO.dbo.TABELA

No segundo exemplo, o parâmetro @WHERE faz com que os dados gerados e o DELETE (se houver) contenham o filtro passado. Então também é possível criar uma carga parcial com o filtro desejado.

Somente é preciso tomar cuidado com a saída. O Management Studio limita a quantidade de texto retornado, então é recomendável alterar a configuração  Tools > Options > Query Results > SQL Server > Results to Text > Maximum number of characters... para o valor de “4000” ou simplesmente jogar a saída para um arquivo.

Vantagens

Armazenamento e migração de dados de forma transparente, sendo possível analisar e alterar os dados.

O desenvolvedor pode selecionar exatamente os registros que deseja. São poucas as ferramentas que permitem geração de scripts com filtro por registros.

Não é necessário que a pessoa que vai executá-lo saiba usar uma ferramenta de geração de scripts e tenha que selecionar as tabelas ou até registros manualmente.

Problemas

Tabelas com tipos de dados que não podem ser representados em texto.

Tabelas muitos grandes vão gerar scripts impossíveis de editar.

Versão para Oracle

A versão Oracle atual não tem todas as opções da versão SQL Server, mas já foi utilizada para migração de dados entre ambientes com sucesso.

Disponível em

https://github.com/utluiz/database-insert-script-generator

Dúvidas, sugestões, correções ou apontamento de erros são bem-vindos!

Uma avaliação do play! framework

Há alguns meses, alguém levantou a possibilidade de melhorar o gerenciamento das visitas a clientes na empresa em que trabalho, utilizando um sistema específico.

Consultaram-me sobre a possibilidade de utilizar um sistema opensource, entretanto não encontrei nada nessa linha. Como estava estudando algumas novidades e queria desenvolver algum sistema com elas, no caso o play! framework, vi que a oportunidade era perfeita, pois tratava-se de um sistema de uso interno e de baixíssimo risco, então respondi que em pouco tempo poderia criar um protótipo.

Utilizei o Twitter Bootstrap (que também estava aprendendo) na camada de apresentação e o Hibernate para persistência (depois de desistir do Ebeans, padrão do framework).

O desenvolvimento do protótipo totalmente funcional ocorreu em uma semana. Trata-se de um sistema pequeno, porém como estava usando o play! e o bootstrap pela primeira vez, acredito que foi bem rápido.

Depois das rotineiras mudanças de requisitos e solicitações de melhorias após a apresentação para os usuários, mais dois ou três dias e estava tudo pronto.

O que tem de mais esse tal de play!?

  • Instantâneo: Todas as alterações em telas ou no código java são recompiladas e executadas sem reiniciar o servidor, só é necessário um “refresh”;
  • Depuração: é possível conectar o debugger do Eclipse com a aplicação executando em modo de desenvolvimento, mas nem é tão necessário, pois quando há algum erro no Java ou na tela, a mensagem do framework é tão amigável que mostra, além da pilha, o próprio código fonte e qual o comando ou erro de sintaxe que causou a falha;
  • Sessão: não existe uma session, os únicos valores que são armazenados entre as requisições ficam em cookies criptografados. Isso faz com que a aplicação seja altamente escalável com múltiplas instâncias, embora seja confuso para quem está acostumado com as tecnologias JEE padrão;
  • Threads: não há criação de threads por requisição como nos Servlets, os métodos dos controladores são static e processamentos “demorados” devem ser assíncronos;
  • Totalmente REST: todas as entradas de url são configuradas no arquivo “routes”, como no rails;
GET     /sobre                      controllers.App.sobre()
  • CoC (Convensão sobre Configuração / Convention over Configuration): a ideia é não reinventar a roda, basta executar um comando “play new [nome sistema]” e sair programando, obviamente se você seguir o padrão adotado pelo framework. Já se quiser fazer diferente aí vai ter tanto ou mais trabalho do que num framework tradicional;
  • Builders para as views: as telas, por exemplo, possuem parâmetros e você “invoca” uma tela a partir do código chamando um método de uma classe gerada dinamicamente que recebe os devidos parâmetros, então se você mudar uma tela para receber algo novo, não tem como esquecer de atualizar o código, já que isso vai gerar erros de compilação;
  • Servidor de aplicação: esqueça Tomcat, Glassfish, Weblogic ou Websphere, ele já vem com um servidor leve embutido, o comando “run” inicia a aplicação em modo desenvolvimento e o comando “start” em modo de produção;
  • Ciclo de vida: o framework gerencia o ciclo de vida através de uma ferramenta de build chamada SBT (uma espécie de ANT), gerencia as dependências através do IVY e também é compatível com Maven;
  • Integração com Eclipse: o comando “eclipsify” gera os arquivos necessários para importar o projeto no Eclipse, quando incluir uma nova dependências, basta executar o comando novamente para atualizar o classpath e demais configurações;
  • Banco de dados: integração nativa com JPA, inclusive gerenciando as evoluções da estrutura do banco e gerando a DDL necessária a partir das classes
  • Telas: templates feitos numa mistura de HTML com a liguagem Scala. É simples e rápido para implementar, porém lento demais para compilar.
<select id="cliente" name="cliente">
  @for(opcao <- options(Cliente.options)) {
    <option value="@opcao._1"
      @if(opcao._1 == filtro.cliente) { selected }>@opcao._2</option>
  }
</select>

Pontos negativos

No Eclipse, várias vezes as classes geradas pelos builders não são reconhecidas mesmo dando refresh no projeto e erros em views, por exemplo, são listados mesmo que já estejam corrigidos. Às vezes, só fechando e reabrindo o projeto (usando “Close Project”). Isso não afeta a execução mas fica “feio” ver o projeto com erros que não existem.

A versão 2.x mudou muito em relação à primeira e a maioria dos tópicos encontrados fala da versão 1. Além diso, ela não é uma simples evolução da primeira, mas uma reformulação total, tornando a migração muito difícil. Por exemplo, alguns recursos, tal como a geração de WAR para deploy num container, foram removidos e atualmente só é possível executar a aplicação no servidor embutido.

Apesar do framework suportar Java ou Scala como linguagem de programação, os templates da versão 2 são feitos em Scala por padrão, portanto é necessário aprender um pouco da sintaxe e a curva de aprendizagem aumenta. A linguagem Scala executa na JVM e é eficiente, mas a compilação pode ser bem mais demorada que uma classe comum.

O gerenciamento automático da evolução da DDL pode ser confuso à primeira vista e causar alguns efeitos colaterais se mal utilizada.

Update: Como comentei num post mais recente, uma biblioteca foi removida do repositório, tornando impossível compilar uma versão do sistema com o play 2.0 e obrigando os desenvolvedores a migrar para a versão 2.1. 

Resumo

No geral as implementações dos diversos aspectos do play! framework usam outras ferramentas já bem conhecidos, tal como o Hibernate, a linguagem Scala, o gerenciador de dependências IVY, etc. O uso dessas e outras tecnologias já consagradas é uma ótima base para se desenvolver, aumentando a confiança nos resultados.

Desde que seguidos os padrões do framework e depois que se pega o jeito dele, fica muito fácil sair implementando novos requisitos. O maior problema no começo é se despender do conceito de JSP/Sevlet que está tão arraigado no mundo Java.

Enfim, o play! framework é muito bom para projetos pequenos e rápidos. Para algo maior, com uma vida útil mais longa, maior risco ou com uma equipe que não conheça a tecnologia, não recomendaria no momento, por dois motivos: a documentação não é muito completa e os desenvolvedores não tem um compromisso em manter compatibilidade, corrigir bugs críticos ou implementar funcionalidades que eles não considerem importantes.

Por outro lado, com o estudo de frameworks como este, é possível extrair algumas boas práticas e conceitos importantes, aplicando de outras maneiras mesmo em tecnologias mais tradicionais.

Bootstrap, uma biblioteca CSS

O desafio

Implementar sistemas baseados na web pode se tornar uma tarefa difícil se for necessário sempre começar sem um layout bem definido.

O grande problema em criar um interface “do zero” é que ela provavelmente terá que passar por muitas iterações até ficar estável e o escopo dela será limitado. Sem falar nas diferenças entre navegadores que exigem hacks nos estilos e no javascript para funcionar de forma semelhante em todos eles.

Criar um layout reaproveitável e que se adapte a muitas situações é um grande desafio e muitas tentativas já foram feitas, muitas das quais vinculadas a uma tecnologia específica.

Uma solução

Há algum tempo descobri que os desenvolvedores do Twitter, pensando em todos esses desafios, criaram uma biblioteca usando CSS e um pouco de javascript para facilitar a vida dos desenvolvedores. Ela chama-se bootstrap, ou seja, a ideia é dar um ponta-pé inicial e evitar que se reinvente a roda a todo momento.

Esta biblioteca traz componentes web reaproveitáveis, muito flexíveis, fáceis de usar e desvinculados de qualquer tecnologia específica do lado do servidor.

O layout gerado por essa biblioteca é muito bem pensado e consegue se adaptar a todo tipo de dispositivo, desde monitores grandes até tablets e celulares em retrato ou paisagem. E o melhor de tudo é que ela é compatível com a grande maioria dos navegadores atuais:

  • Internet Explorer 7 ou superior
  • Google Chrome
  • Mozilla Firefox
  • Opera
  • Safari

Exemplificando tudo isso, basta conferir o visual de uma das telas de um sistema que fiz usando o bootstrap. O CSS específico do sistema possui apenas 150 linhas. Todo o restante foi reutilizado do bootstrap: barras fixas de navegação, botões, submenus, hints, cores, tabelas, campos e ícones.

sistema-bootstrap

Tecnologias envolvidas

bootstrap faz uso da tecnologia LESS (dynamic stylesheet language), que é uma linguagem que gera folhas de estilo CSS, mas possui variáveis e funções, permitindo personalizar o CSS final com suas cores prediletas e outras customizações de forma automática.

É impressionante a capacidade atual do CSS 3 em gerar interfaces bonitas e “responsivas”, o que significa que com um único CSS a página web adapta-se a diferentes orientações e tamanhos de telas dinamicamente, sem necessidade de código.

A parte de javascript que complementa a biblioteca baseia-se no jQuery e dá suporte ao dinamismo que foge ao escopo do CSS, por exemplo, ao capturar eventos e posicionar os “Pop Overs” (uma espécie de hint mais elaborado, com título) sobre os elementos.

Quer testar?

Acesse o link http://twitter.github.com/bootstrap/ para ver toda a documentação auto-exemplificada que utiliza a própria bibliteca.

Para usar é preciso apenas saber html e um pouco de CSS.

Conclusão

bootstrap é ótimo para criar sistemas rapidamente e vai evitar que muitos programadores criem sistemas em amarelo com bolinhas marrons ou fiquem “amarrados” com um determinado tipo de layout da tecnologia utilizada.

Entretanto é uma biblioteca generalista e não substitui os designers que  produzem layouts para necessidades específicas.

Na verdade, designers podem conviver muito bem e até utilizar bibliotecas desse tipo a fim de evitar retrabalho, personalizando aquilo que for necessário.

Reflexões sobre a natureza do software e das estimativas de software

Ao escrever minha monografia sobre técnicas de estimativas de software ágeis e “tradicionais”, comecei achando que conseguiria definir o melhor método de todos, pelo menos para determinados casos.

Entretanto, após orientação e pesquisa, enquanto escrevia sobre o assunto, acabei chegando a uma das “piores” e óbvias conclusões: isso é impossível.

O motivo é simples (pelo menos após a devida reflexão): o software é abstrato, complexo, mutante e intangível.

O que isso significa? Resumindo:

  • Você não pode medir objetivamente um software;
  • Você não pode simplificar (abstrair) um software sem perda de informação;
  • Você não pode definir estaticamente um software.

Anteriormente, pensava que as já conhecidas métricas de software eram confiáveis. Mas quem pode medir o tamanho de um software? Linhas de código realmente refletem o “tamanho” do sistema? Como afirmar que um sistema é mais confiável que outro? Ou, como medir a usabilidade?

A verdade é que, dado um mesmo requisito, há uma implementação para cada programador que já viveu, que vive e que surgirá na terra!

Um autor afirmou que os requisitos de software mudam, em média, 25% desde que os requisitos foram levantados até a primeira versão. O software é mutante! Não que ele tenha caído num tambor de lixo tóxico ou teve seu DNA alterado por radiação, mas porque os negócios e suas necessidades mudam.

Infelizmente, estimativas de software sofrem do mesmo mal. É impossível afirmar categoricamente que uma determinada estimativa é melhor que qualquer outra.

No fim, como tudo que envolve software, o que conta é o talento das pessoas envolvidas. Algumas pessoas estimam melhor que outras, mas não são o estudo, a experiência e o método científico que tornam isso possível. É simplesmente algum tipo de intuição subjetiva, que pode ser melhor ou pior aproveitada ao se utilizar uma determinada técnica.

Estimar é simplesmente “chutar”. É um erro acreditar que qualquer estimativa é um número matemático que você pode jogar numa fórmula e obter um resultado qualquer, por mais tentador que isso pareça. Fazemos por necessidade, mas isso consiste apenas como um chute em cima de outros.

Se você estivesse indo apostar que seu time ganharia de dois a zero contra outro e, no meio do caminho, lesse uma matéria no jornal que algumas contratações deixaram seu time duas vezes melhor, você aumentaria a aposta para quatro a zero?

O único meio de fazer comparações significativas e objetivas entre softwares, estimativas e técnicas de estimativa é utilizando critérios específicos.

Por exemplo, o software S1 pode processar uma quantidade Q de informação num tempo T, enquanto S2 processa Q em T+1. Especificamente no quesito eficiência, S1 é superior a S2, mas essa informação não agrega nada nos demais aspectos de um sistema de software.

Da mesma forma, uma determinada estimativa pode se mostrar melhor que outra por se aproximar mais da realidade concretizada, mas isso em nada prova que ela é superior, pois existem fatores demasiadamente complexos para que alguém possa fazer tal afirmação.

Quanto às técnicas de estimativa, escreverei em breve.

Conclusão

Estimativas são… estimativas.

É errado pensar em estimativas como medidas numéricas absolutas.

É errado considerar estimativas como a palavra final para o planejamento e o cronograma.

É errado acreditar que quanto mais detalhadas as estimativas melhor ou mesmo que é possível garantir uma determinada precisão.

McConnell, em seu livro “Estimativas de Software: Desmistificando a Magia Negra” (Software Estimation: Demystifying the Black Art) afirma que é preciso definir e diferenciar conceitos, tais como:

  • Estimativas são estimativas, não um compromisso;
  • Compromisso é quando a equipe se dispõe a cumprir um determinado cronograma;
  • Cronograma é o planejamento no tempo, o qual pode ou não ser baseado em estimativas.

Nota: repare no título sugestivo do livro de McConnell. Estimar não é quase como tentar prever o futuro?

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