Após alguns anos trabalhando com TI, sempre me atualizando a aprendendo coisas novas, acredito ter juntado uma boa bagagem profissional. Porém, notei que talento e esforço não são sinônimos de reconhecimento e crescimento profissional.
Minha influência como profissional atingia apenas meu círculo mais próximo. Para o restante do mundo, eu era apenas um pobre desconhecido.
Não, não é de fama que estou falando e sim sobre como mostrar quem realmente você é. Se alguém colocar meu nome no Google, o que ela vê? Um nada? Um desconhecido? Ou alguém que é respeitado por aquilo que faz, sabe e é?
No início de 2013 decidi começar um experimento pessoal e social, isto é, dar minha “cara a tapa” mesmo!
Explicando melhor o cenário
Em meus primeiros 5 anos trabalhando foi raro um dia em que não estudei alguma coisa nova ou criei algo diferente, ainda que seja o simples prazer de aplicar um pattern simples numa classe simples. Mesmo assim às vezes me sentia estagnado.
Em determinados períodos, houve uma “onda de amadurecimento”, aquela adrenalina de sentir que realmente estava progredindo. Mas, com o tempo, o crescimento desacelera e logo a estagnação aparece novamente. Para continuar crescendo e amadurecendo era então necessário reinventar-se para audaciosamente ir onde nenhum nerd jamais esteve (não entendeu?).
Além disso, embora de certa forma eu tenha me destacado no meu restrito círculo profissional, eu não era “ninguém” para a comunidade de TI. Não havia nada além de colegas imediatos que pudessem dar um aval da minha reputação, nada online que provasse algo sobre mim.
Como superar isso?
Analisando progressos anteriores
Uma das maiores “ondas” de amadurecimento ocorreu no desenvolvimento da minha monografia sobre “Estimação de Software” na PUC-SP. Fui orientado por, nada mais, nada menos que o Dr. Ítalo Vega. A cada análise do meu texto, ele parava e me explicava conceitos muito além do que eu já havia aprendido em qualquer lugar. Aprendi muito sobre como funciona uma mente crítica em relação a argumentos objetivos e subjetivos. Posso dizer que toda minha visão de mundo foi afetada, meu modo de pensar e discutir sobre fatos, evidências e opiniões.
Em linhas gerais, o que aconteceu ali? O que deu início a tal evolução? Pude compreender os seguintes pontos:
- Exposição do trabalho à análise e crítica de um bom profissional
- Trabalho em conjunto com quem sabe (muito) mais do que eu
Como repetir essa experiência?
A primeira atitude: este blog
Com a mente borbulhando por ideias e a nova visão sobre TI adquirida na pós-graduação, minha primeira atividade foi começar este blog.
A ideia é dupla: tentar ajudar profissionais mais novos e expor algum conhecimento em forma de texto. Com isso, quem deseja saber quem é o profissional Luiz Ricardo precisa apenas gastar alguns momentos de leitura para identificar meu perfil, minha maturidade, minha profundidade. Nesses quesitos, posso dizer que o objetivo foi (e continua sendo) alcançado.
O problema com o blog (e qualquer site) é que não adianta nada apenas colocar o domínio no ar e postar algum conteúdo. A interação com outros bons profissionais não vem automaticamente. Decidi ir além, a procura de…
Comunidades de desenvolvedores
Sabendo da existência de comunidades como GUJ (Grupo de Usuários Java) e StackOverflow, apostei que seria uma forma interessante de colocar meu conhecimento à prova. Será que eu poderia ajudar aleatoriamente outros profissionais, assim como ajudava meus colegas da empresa? Ou seria meu conhecimento restrito ao meu pequeno ambiente de trabalho?
GUJ Respostas
Meu primeiro “alvo” foi o GUJ Respostas, um sistema parecido com o StackOverflow e diferente de um fórum tradicional. Nesse sistema, usuários criam perguntas e os demais publicam as respostas. Os usuários podem votar contra ou a favor nas perguntas e respostas. Esclarecimentos são feitos através de comentários. A cada voto recebido o usuário que fez uma boa pergunta ou resposta ganha certa quantidade de pontos. Votos contra debitam pontos do usuário.
Ao começar respondendo perguntas, tive alguns percalços. Quando lidamos com alguém pessoalmente podemos escutá-la relatar seu problema e perguntar o que quisermos. Tratando à distância, é preciso atentar-se aos detalhes, pressupor corretamente e saber que se falarmos besteira vai ter alguém lá para apontar isso. É um bom treino para a bola de cristal que todo bom engenheiro de software deve ter.
Fiz o cadastro no GUJ Respostas em Outubro de 2013. Três meses depois atingi a primeira colocação no ranking.
StackOverflow em Português
Algum tempo depois, em 13 de dezembro de 2013, deu-se início à comunidade de língua portuguesa do StackOverflow. Aderi desde o primeiro dia do beta privado!
Para quem não sabe, StackOverflow é uma comunidade que pretende organizar e centralizar informação sobre programação e assuntos correlatos, muito embora, haja muitas outras comunidades interessantes que compartilham do mesmo ideal no StackExchange. A comunidade do StackOverflow costuma ser bem mais exigente quanto ao conteúdo de perguntas e respostas publicadas e os moderadores agem fortemente no intuito de garantir a qualidade do site.
Bem, não sei se preciso dizer que tive alguns trancos no começo. Mais uma vez, ao me expor para outros profissionais, fui passível de análise e críticas.
No fim, os resultados também foram positivos. Após 3 meses participando ativamente atingi novamente o primeiro lugar no ranking.
Análise da experiência social
Obviamente, atingir o primeiro lugar em pontuação nos dois sites não prova de forma alguma que eu sei mais do que todos os que estão lá. Também não é, em si mesmo, um qualificador objetivo de minhas competências.
Porém, pelo menos posso dizer que sou útil como profissional para várias pessoas e que meu conhecimento é abrangente o suficiente para ajudar em muitas áreas diferentes. 😉
Ganho também em confiança diante de possíveis entrevistas e discussões sobre tecnologia em geral.
Além disso, muitas vezes fui criticado. Algumas com razão, outras não. Em determinadas ocasiões outras pessoas deram respostas melhores que as minhas. Aos poucos, comparei minha abordagem frente aos problemas com a de outras pessoas e pude aprimorar meu raciocínio, minha forma de pensar e agir.
Não sei por quanto tempo vou continuar em primeiro lugar nos sites. Na verdade, isso nem importa tanto. Talvez eu passe a dedicar esse tempo a outras atividades para continuar avançando como profissional. Mas foi uma ótima experiência!
Conclusões para o leitor
Creio que os princípios expostos acima valem também para todo profissional, a saber:
- Expor-se à análise e crítica
- Aprender/trabalhar com pessoas melhores
Saia da sua zona de conforto
Talvez você seja o melhor no seu grupo. Mas, provavelmente, você é melhor somente naquilo que você é melhor. E quanto às áreas onde os outros são melhores? Provavelmente você tem algo a aprender.
Além disso, sempre há alguém melhor. É um princípio básico.
Seja social
Mesmo bons profissionais ficam defasados e alienados ao se fecharem dentro de si mesmos. Tenha contato com diferentes subculturas de TI e aumente o quanto puder o seu leque de contatos. Isso pode trazer vários benefícios para sua carreira, dos quais vou citar dois:
- Aprender a expor melhor seus pensamentos e defender suas ideias, o que pode contribuir para promoções.
- Estar por dentro das novidades em termos técnicos e também sobre o mercado, o que vai mantê-lo acima da média e pode até ajudar a conseguir um bom emprego.
Vale a pena repetir meu experimento?
Depende.
Participar de comunidades é um meio válido para ajudar colegas distantes e agregar conhecimento de fora do seu ambiente cotidiano.
Entretanto, não recomendo investir tempo demais nisso, muito menos ter como objetivo uma posição específica no ranking.
Existem outras formas de se aperfeiçoar profissionalmente. Esta é apenas uma delas. Talvez, no seu caso, seja melhor tirar o pó daqueles pobres livros abandonados (ou comprar novos). Ou, quem sabe, matricular-se num curso de extensão ou especialização. Outra possibilidade é participar de projetos de código-aberto, onde seu código será avaliado por desenvolvedores mais experientes.
O importante é reinventar-se sempre e não ficar parado!